quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

CIDADES



um território muito distante

para os grilos

O ESPAÇO VAZIO



Levo um segredo
que sequer conheço.

Mensagem para
nenhum endereço.

Sentimento em
forma de aperto.

Procuro o certo
jeito de vê-lo,

mas em suas bordas
há um selo.

Percebo seus
arreios, peso,

adornos e adereços,
mas me foge por inteiro.

Carrego-o sem
ser o preço que devo.

Inexistência que
arfa em meu peito,

na forma de branco,
de um acento sem letras.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

TRAMAS II



Pessoas evaporam na trama dos caminhos. Num dia falávamos a alguém, em outro, despenca o silêncio. A cadeira vazia dentro de nós. Penso um nó a encerrar destinos num espaço de resolução. Lugar de encontros e memórias contraídas. Penso neste bordado de vidas, enlaçadas sem desenho aparente. Penso de tão paralelos, jamais nos encontraremos. Uma pena. A vida é a eminência do desencontro. Pura geometria.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

TRAMAS

Neste hoje, faltaram dez palavras claramente essenciais. À tona, sequer um verbo que viesse do discurso das profundezas. Um ponto, no entanto, desfeito na trama do desejo. Nada que se verta em sintomas. Nada que implique em recalques. Um dia feito uma bula.

MURALHAS


Entre muralhas de vento,
dormi sem repouso
um tempo quase eterno.

Ouvi ruínas de templos,
areias brancas e seus
cabelos em vôo.

Esperei tua voz, mas
o silêncio era uma adaga,
um inverno.

Sangrei a cada palavra
omitida na astúcia
de sua língua tácita.

Murcharam as glicínias
na aridez do campo
onde se travava o duelo

entre a raiva mais ácida
e o esquecimento mais terno.