sexta-feira, 31 de julho de 2009

planeta I

tardo
na tarde
mostarda



penso em tudo
mas muito mais
em nada



uma estrela
encena seu
eterno ato



outras após
preenchem
o teatro









*

terça-feira, 28 de julho de 2009

raios



erros não
são raios





onde caem
sempre saio






*

tropeços


tropeço no
mesmo passo


isento os pés
culpo meus
cadarços


(se pego
quem fez
o laço...)



*

segunda-feira, 27 de julho de 2009

achados & perdidos

sempre
me esqueço

nunca me acho
à primeira vista

tenho barbantes
nos dedos

mas das mãos
perdi as pistas

(se me encontrarem
me deixem

na portaria)



*

domingo, 26 de julho de 2009

atalhos


se pego
um atalho




me atrapalho




(por favor,
qual o caminho
mais longo ?)


*

quinta-feira, 23 de julho de 2009

deslumbramentos




Era estranho,
mas quando ela passava,
meu relógio parava.



*


olhos
em encontro


encanto


como em
um segundo
cabe tanto
?



*

conjugação

tão
perfeito


que só
podia ser


pretérito



*

pinoquiana


fica assim
o dito
pelo feito

se der
defeito
você não

me fala
e eu não
me lembro

o resto
o tempo
engole

meus
tapetes são
enormes



*

segunda-feira, 20 de julho de 2009

bóias


flutue





que a vida
não dá pé

ROSTO




sou
minha
miragem

seco
às próprias
margens

what am i
mon ami
?

um oásis
ou la visage
entre cactos

?







sexta-feira, 17 de julho de 2009

TONÉIS


guardar
o que sente


não é
um bom


presente



*


afeto
na adega


é vinho
ou vinagre
?


*

"há vida em marte"

ao poeta Rodrigo de Souza Leão
in memorium



quando
te descobri

partiste
tal um colibri

(parabéns pela vida)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

short circuit





va(cila)


que
a vi(da)


é uma cilada


*
— Encontrei uns sentidos bem legais.
— Onde?
— No Brás. Mas não tem provador.







segunda-feira, 6 de julho de 2009




Como fossem seus sentimentos tão dúbios, lançou mão daquela por quem se apaixonara e que lhe falava com o sussurro mais doce e suave por ele jamais conhecido, a boca de delicados contornos a roçar seus ouvidos com a leveza das plumas, induzindo-lhe sempre um sorriso calmo e pleno, como se as resoluções todas viessem não a partir das artimanhas do pensamento, mas pela sutileza de três ou quatro simples palavras lançadas com tal despretensão que com todo fulgor o atingia, feito uma nobre arqueira de olhos vendados a lançar suas flechas aos menores meandros de seu coração, a princesa envolta em seda e rendas claras sugerindo suas formas perfeitas na ondulação dos tecidos e com quem não poderia mais estar devido à sua coerência e sensatez em arriscar-se por uma fantasia moldada por impressões dispersas, pela incerteza que lhe despertava na boca aromas a explodir em tonalidades extravagantes, e não era por causa de outras pernas e outros olhos somente, pois os corpos apenas se penetram nos limites dos corpos, mas porque já era tempo e ele era solidão.

sexta-feira, 3 de julho de 2009








vazio que me varre a voz





*






cheio
de tudo



ou



de nada
?




*